22/10/2007

Thomas, o poeta

Thomas, o poeta

Olá a todos! Esta noite vou contar-vos uma história, repleta de magia! Uma história sobre o fascínio que elfos e fadas exercem sobre os humanos. E que por vezes, tal fascínio pode exercer uma inflência tão grande, que os humanos podem ficar perdidos nas brumas do tempo, para sempre enfeitiçados. Uma história de há muito, muito tempo, que com o passar dos séculos, virou lenda! Esta é a história de Thomas! O poeta inglês que viveu no reinado de Alexandre III, da Escócia, e que viveu durante sete anos no país das Fadas, e que quando voltou ao mundo dos homens, não conseguiu voltar à banalidade da sua vida terrestre. Chamava-se Thomas de Erceldoune, mas toda a gente o chamava de Thomas, o poeta, pois ele era o autor de uma obra poética consagrada aos amores de Tristão e Isolda, considerada hoje em dia, o espécime de poesia inglesa mais antigo do mundo. Um dia, quando ele repousava na colina de Huntly, na periferia dos montes Eildons, que se erguem por detrás do mosteiro de Melrose, Thomas viu uma linda mulher a caminhar na sua direcção. Ela parecia uma amazona! Uma deusa dos bosques! Montada num cavalo branco cuja crina estava ornada com trinta e nove campainhas de prata, que tilintavam ao vento. A sela era feita de marfim incrustado de imensas jóias. Como Diana ou Artémis, trazia na mão um arco e na outra, três galgos pela trela. Deslumbrado com tanta beleza, o poeta tentou agradar-lhe de todas as formas. E ela, aborrecida pelas suas investidas metamorfoseou-se numa horrivel feiticeira, feia e velha, de pele enrugada, lábios defeituosos e um olho fora da órbita. Mas Thomas, que tinha sido vítima do mais forte encantamento, renovou os seus pensamentos e aceitou tornar-se escravo da feiticeira. Ela conduziu-o três dias e três noites por uma caverna subterrânea, onde não havia uma pequena réstia de luz. Seguindo a sua guia terrível, Thomas avançava no escuro. Por vezes ouvia o oceano, por outras atravessava rios de sangue. No terceiro dia, voltaram à superficie, onde os esperava um belíssimo pomar cheio de macieiras. Thomas, esfomeado, queria trincar um daqueles belos frutos, mas a feiticeira proíbiu-o, lembrando-lhe que foi com um gesto desses que o primeiro homem e a primeira mulher foram expulsos do paraíso terrestre. Thomas reparou que aquela que lhe falava era novamente a mulher deslumbrante que ele conhecera na colina de Huntly. Olhando à sua volta pensou que tinha atravessado o inferno e que agora estava no Jardim do Éden. A mulher sentou-se na relva e pediu-lhe gentilmente que ele se deitasse ao seu lado, para que lhe pudesse conceder os favores a que ele aspirava e que tinha merecido com a sua obidência. Depois dos momentos de doçura partilhados, Thomas pousou a cabeça no colo da sua amada, que enquanto lhe acariciava os cabelos, lhe explicava a natureza real do local onde se encontravam. “ Esse caminho à direita conduz os bem aventurados ao paraíso. Aquele que desce pela ravina conduz os pecadores para o castigo eterno, o terceiro caminho tenebroso, conduz a um local de penas mais doces, de onde oraçõe e missas podem tirar os mortais. Mas vês aquele intricado caminho, serpenteando através da planicie até àquele castelo? É o país dos Elfos, para onde vamos agora. O senhor do castelo é o Rei do País e eu sou a Rainha. Mas Thomas, ninguém ali pode saber do que aconteceu entre nós. Razão pela qual, quando ali entrares deverás manter-te em silêncio e não respondas a nada do que te perguntarem. E eu explicarei o teu mutismo, dizendo que te cortei a língua quando te retirei da terra.” Thomas e a Rainha entraram na castelo e dirigiram-se à sala real onde o Rei os recebeu sem suspeitar de nada. O castelo estava em festa. Damas e cavaleiros dançavam a três uma dança escocesa. Thomas, esquecendo-se da fadiga da viagem, juntou-se-lhes na dança, rindo de puro prazer. Ao fim de certo tempo, que lhe pareceu apenas alguns minutos, a Rainha quis falar-lhe em particular. Ela perguntou-lhe se ele sabia à quanto tempo eles estavam ali, ao que ele respondeu que tinham acabado de chegar. - Enganas-te! – disse a Rainha – Estás neste castelo à sete anos terrestres e já é tempo de partires! Thomas, o demónio do inferno chega amanhã para reclamar o seu tributo, e um homem bom como tu é capaz de lhe chamar a atenção, e eu não quero que nada de mal te aconteça! Por isso vamos embora! Quase imediatamente, Thomas e a Rainha foram transportados até à colina de Huntly, onde o seu idílio tinha começado. Antes de se despedir do seu amado, a Rainha presenteou-o com “ a língua que nunca mente “. Thomas objectou em vão dizendo que no seu mundo aquilo podia trazer incovenientes para ele. Que dizer nada mais que a verdade na corte, ou até na alcova de uma dama seria impróprio. Mas ela ignorou-o sorrindo e a partir daquele momento, Thomas, o poeta, nunca mais falou senão a verdade. Desde que uma conversa falasse no futuro, adquiriu a reputação de profeta, pois quisesse ou não, ele só dizia coisas que acabariam sempre por se concretizar. Thomas de Erceldoune, viveu ainda alguns anos entre os homens que o homenegearam pela qualidade das suas previsões. Até que num dia de Verão, pela manhã, surgiram uma corça e um cervo, brancos, saídos da floresta. Atravessaram a aldeia e foram até à porta da casa do poeta. Apesar da sua aparência, ele reconheceu o Rei e a Rainha dos Elfos. Deixando para sempre a sociedade dos homens, Thomas, o poeta, seguiu os animais até às profundezas da floresta para nunca mais voltar. E, se não morreu, ainda aí vive!

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