Esta noite vou contar-vos uma história. Uma das mais intrigantes. Voçês sabem o que sempre se disse, nas velhas histórias, sobre como se desenrola o tempo quando se está sob a influência das fadas. Dez minutos apenas, podem durar uma eternidade.
Esta história fala disso e trata-se de uma lenda, contada de geração em geração. E claro, todas as lendas têem um fundo de verdade...
Uma lenda irlandesa conta a história de um jovem chamado Son ap Shenkin, que numa bela manhã de Verão foi atraído para o bosque por uma canção sobrenatural, tocada por músicos invisivéis. Para ouvir melhor deitou-se à sombra de uma àrvore jovem e vigorosa e deixou-se embalar pela maravilhosa melodia.
Assim que as últimas notas de música acabaram, o jovem deu um grande suspiro antes de se levantar.
Ficou bastante surpreendido quando constatou que a àrvore onde ele tinha repousado não passava de um tronco morto.
Foi para casa contar aos pais a sua aventura, mas no local da sua bela e florida casa, só existia uma moradia velha e coberta de hera.
No alpendre estava sentado um homem muito velho que Shon nunca tinha visto antes. Ele aproximou-se do velho e perguntou-lhe o que fazia ele ali.
- Moro aqui há quase oitenta anos, meu rapaz. E tu, de onde vens?
- Da floresta, senhor, onde só fiquei uma hora. E lamento informá-lo, mas sou eu que moro nesta casa com os meus pais. Não os viu?
O velho olhou atentamente para Shon, levantou o sobrolho e respondeu prudentemente:
- Não vi ninguém, visto que vivo sózinho desde a morte da minha mulher. Mas diz-me, como te chamas, meu rapaz?
- Shon ap Shenkin, senhor, ao seu dispor.
Depois destas palavras, o velho senhor ficou muito pálido e a tremer, antes de responder.
- Son ap Shenkin! Tu és o meu tio Son ap Shenkin. O meu avô falava-me frequentemente em ti! Tu és um dos meus tios que desapareceu misteriosamente na floresta, numa manhã, e nunca mais voltou!
Mal o velho terminou a frase, Son ap Shenkin, oitenta anos mais novo que o próprio sobrinho, foi reduzido a pó.
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